quarta-feira, 28 de setembro de 2016

No último domingo, dia 25, o Rádio perdeu um dos seus grandes nomes, Peixoto de Alencar


O radialista e jornalista Peixoto de Alencar (89) foi enterrado no último domingo, no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. Ele morreu vítima de falência múltipla dos órgãos.
Começou ainda nos anos 1950 na Rádio Iracema de Fortaleza.

Fundou a Rádio Dragão do Mar AM, em 25 de março de 1958. Foi ele que sugeriu o nome da emissora, do falecido deputado federal Moisés Pimentel, em homenagem ao Chico da Matilde, o Dragão do Mar.

Natural de Baturité, Peixoto chegou a ser deputado estadual pelo PSD (anos 1960) e superintendente do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), no Ceará (anos 1980). Foi cassado e também preso pelo regime militar de 1964.
Teve passagem pelo jornal O Povo nos anos 1970 e 1980.

Era seu slogan: “Quando Peixoto de Alencar fala; o Ceará escuta”.

Fonte: Blog do Eliomar

Um texto sobre Peixoto de Alencar - Grande nome do rádio cearense.


Nos idos de 1955, conheci Peixoto de Alencar, quando ele, jovem e atlético, foi a Quixeramobim, para o I Centenário do Município. Foi uma festa magnífica, que teve a coordenação de meu parente Ismael Pordeus, um homem de letras que hoje faz falta ao Ceará.
De todos os jornalistas e radialistas presentes, Peixoto foi o que mais chamou a atenção, por conta de seus mungangos e de suas brincadeiras sempre inofensivas, embora uma delas tenha despertado maior interesse da população: Peixoto conseguiu antecipar as comemorações em 15 minutos. Segundo o programa estabelecido por Ismael, o verdadeiro organizador e “dono da festa”, à meia-noite, todos os bares e restaurantes da cidade deveriam cerrar suas portas, no sentido de que a população de Quixeramobim - e também os convidados - se concentrassem na principal Praça da cidade – a Praça Comendador Garcia. Por ordem de Ismael, os bares e restaurantes só funcionariam a partir da meia-noite.
Que fez Peixoto de Alencar, diante daquela “exigência descabida” e da premente necessidade de “melar o bico”, como diz Assis Tavares?. Enquanto todos estudávamos um meio para resolver o “impasse”, Peixoto foi à luta. Conseguiu subir os degraus que levam à torre da Matriz e lá, com toda perícia – que certamente conseguira a esse respeito em Baturité, sua terra – adiantou os relógios da Matriz, fazendo-os soar quinze minutos antes e desencadeando as comemorações.
Com os sinos da Igreja batendo meia-noite e conforme o que estava programado, os trens da RVC e a única fábrica existente na cidade começaram a apitar, longamente. Outras igrejas badalaram seus sinos. O povo, na Praça, começou a dar vivas a Quixeramobim. E Peixoto de Alencar, lépido e fagueiro, nos 35 anos, senão menos, escorregou entre a multidão, como se nada tivesse com aquilo e se dirigiu a um bar, a essa altura já aberto.
- Cadê a cerveja ? perguntou para o Tito Fernandes, dono do restaurante, de quem já se torna amigo. “Bota cerveja pra todo mundo, que quem vai pagar essa rodada, é Peixoto de Alencar, quando fala o Ceará escuta.”
Muitos sabiam de quem se tratava, outros não. De idade menor do que Peixoto, me aproximei, me apresentei, ele tornou-se meu amigo e nunca mais deixamos de ser companheiros. Percorremos, depois, o Ceará inteiro e ele, sempre alegre, amigo companheiro. Nos tempos da Rádio Dragão do Mar, dizia, festejando a dupla que então formara comigo, que eu era, para ele, o Adelino Moreira e ele, o Nélson Gonçalves. Queria dizer, com isso, que eu escrevia e ele falava e era isso mesmo.
Peixoto de Alencar foi e é um grande profissional. O Ceará inteiro o conhece, o respeita e deseja que suba, ainda, muitas escadas para apressar novos centenários...

PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO.

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