quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cunha será denunciado hoje ao STFCunha teria recebido mais de U$40 bilhões em propina. A base para a denúncia é a delação feita pelo lobista Júlio Camargo a Justiça Federal.



O presidente da Câmara Federal e segundo na linha sucessória da Presidência da República, Eduardo Cunha (PMDB), será denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal. A informação foi divulgada pelo jornalO Globo. A base para a denúncia é a delação feita pelo lobista Júlio Camargo a Justiça Federal. AProcuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar a denúncia aoSupremo Tribunal Federal (STF) ainda hoje.

De acordo com o lobista, Cunha teria recebido propina para facilitar a assinatura de contratps de afretamento de navios sonda entre a Samsung Heavy Industries e a diretoria de Internacional da Petrobras. Pelo contrato de US$1,2 bilhão, Cunha teria embolsado mais de U$40 milhões.

Na época do contrato, o diretor internacional da Petrobras era Nestor Cerveró, que teria negociado o contrato com o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDBdentro do esquema da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. Ele, Cerveró e Baiano foram condenados pela 13ª Vara Federal de Curitiba, esta semana, a 12, 16 e 14 anos respectivamente. Camargo, entretanto, cumprirá a pena em regime aberto diferenciado.

OPOSIÇÃO

A divulgação da delação de Júlio Camargo, em agosto, enfureceu Cunha. Para ele, sua participação no esquema era uma invenção com dedo do Palácio do Planalto para enfraquecê-lo na Câmara. Após o episódio, ele anunciou que migraria para a oposição. "O governo quer me arrastar para a lama e isso eu não vou permitir", afirmou Cunha.

Eduardo Cunha sempre foi um motivo de dor de cabeça para o Planalto. Antes de ser eleito presidente da Câmara - derrotantoArlindo Chinaglia (PT), candidato do Planalto , liderou a criação do chamado "blocão", grupo de deputados da base aliada que se juntaram para aumentar o poder de barganha em relação ao governo e que foi fundamental na instalação da primeira CPI da Petrobras, em 2014.

Já no segundo mandato, após uma tentativa mal-sucedidada de Dilma em tentar reduzir sua dependência em relação ao PMDB, liderou derrotas importantes contra o Planalto. Entre elas, a aprovação da PEC da Bengala, que aumentou a idade para aposentadoria compulsória de ministros do STF, e do Orçamento Impositivo, que obriga o governo a executar parte das emendas aprovadas pelos congressistas.

O tom se tornou mais belicoso em março, quando o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, divulgou a lista dos políticos a serem investigados por suposto envolvimento no esquema de Petrobras. Cunha atribui ao Palácio do Planalto - especialmente, ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - a inclusão de seu nome.

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