sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Chikungunya deve infectar número grande de pessoas em 2015

Por causa da falta de imunidade da população, Secretaria da Saúde adianta que pode haver alto índice da doença em 2015, especialmente com a quadra chuvosa. Com plano de contingência, objetivo é frear casos.


No ano que vem, a febre chikungunya, que teve cinco registros confirmados no Estado em 2014, deve atingir um número grande de pessoas, de acordo com previsão da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Conforme Márcio Garcia, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do órgão, não há uma estimativa do número de infectados que podem surgir, mas a Sesa já trabalha com a possibilidade de que “boa parte da população adoeça”, afirma. A principal razão para a ocorrência alta, explica, é a falta de imunidade que os cearenses têm ao novo vírus.
“O grande alerta é porque nós não temos nenhum registro. Tivemos casos no Ceará, mas não tivemos transmissão”. Todas as ocorrências deste ano - três em Fortaleza, uma em Aracoiaba e outra em Brejo Santo - foram “importadas” (contraídas em outros países). O Plano de Contingência para a Febre Chikungunya foi apresentado pela secretaria ontem, durante o V Congresso Norte-Nordeste de Infectologia, com as diretrizes das ações necessárias de investigação epidemiológica e controle vetorial para evitar a disseminação da doença.O plano para o Ceará é uma adaptação das ações já lançadas pelo Ministério da Saúde, com alterações para as características e a estrutura locais. Atualmente, o Estado está classificado no nível 0 do plano (são classificados quatro níveis, que vão do 0 ao 3), no qual não há transmissão interna.
 Em cada um dos níveis, de acordo com as necessidades, explica Márcio, são desenvolvidas cinco diretrizes componentes: vigilância epidemiológica, controle vetorial, atenção à saúde da população, comunicação, mobilização e publicidade e gestão.A quadra chuvosa que se aproxima (fevereiro a maio) é um agravante para o aumento de casos, assim como para a dengue, pontua o coordenador. A partir da metade do primeiro semestre de 2015, prevê Márcio, o número deve crescer.A chikungunya é causada por um vírus do gênero Alphavirus e transmitida por mosquitos do gênero Aedes, inclusive o que é vetor da dengue. No Estado, o alerta deve ser redobrado especialmente por conta da alta incidência da dengue que já é registrada.
 
Número de casos
Segundo o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde, ainda é difícil determinar se o pequeno número de casos atual foi resultado de uma contenção eficiente ou se está ocorrendo uma circulação do vírus e a doença está sendo confundida com a dengue. “Temos que melhorar a construção do plano e continuar a avaliação e o monitoramento dos resultados”.
 Fernanda Araújo, responsável pelo diagnóstico de dengue e de febre chikungunya do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), pontua que, como a doença começou a se expandir agora, pode haver uma dificuldade a mais no diagnóstico, especialmente pelos custos elevados e a demora do resultado, três dias. Ainda assim, ela assegura, o número de casos identificados é confiável.
 Saiba mais
Até o dia 15 de novembro, o Ministério da Saúde registrou 1.364 casos de febre chikungunya no Brasil, sendo 125 confirmados por critério laboratorial e 1.239 por critério clínico-epidemiológico. Do total, 71 casos são importados (os pacientes vieram de países como República Dominicana, Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa).
 No Ceará, foram notificados 18 casos suspeitos e confirmados cinco.
 Não existe transmissão de pessoa a pessoa. A única forma de infecção é pela picada da fêmea de mosquitos infectados.
 Com sintomas semelhantes aos da dengue, a chikungunya se diferencia por dores nas articulações ainda mais fortes. O nome da doença, inclusive, significa “aquele que se curva”, numa referência aos efeitos causados pela dor.

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