sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pessoas Bonitas São Egoístas aponta um estudo


Angelina Jolie (Foto: Jason Merritt/Getty Images)


Título original: Symmetry of the face in old age reflects childhood social status
Publicação: Economics & Human Biology
Quem fez: David Hopea, Timothy Batesa, Lars Penkea, Alan J. Gowa, John M. Starra e Ian J. Deary
Instituição: Universidade de Edimburgo
Dados de amostragem: 292 pessoas
Resultado: Pessoas com rosto simétrico, consideradas bonitas, são mais saudáveis e atraentes. Por essa razão, se sentem autossuficientes a ponto de não ajudarem o próximo e não pedirem ajuda a outros
Os galãs e estrelas de cinema podem até habitar o imaginário humano como pares perfeitos, mas segundo um estudo britânico certamente estariam bem distante do que alguém imagina ser uma parceria ideal. A pesquisa, desenvolvida por cientistas da Universidade de Edimburgo e publicada no periódicoEconomics & Human Biology, sugere que pessoas de traços faciais simétricos, consideradas mais atraentes, tendem a ser egoístas por acreditarem em sua autossuficiência.
O levantamento, apresentado em uma reunião de vencedores do Nobel, em Lindau, na Alemanha, foi baseado no Dilema do Prisioneiro, um conhecido jogo da psicologia onde duas pessoas precisam decidir, isoladamente, se irão cooperar em uma determinada situação ou se irão trair o outro jogador em troca de alguma recompensa. Após analisar os traços faciais de cada um dos 292 voluntários, e cruzar os resultados da experiência, cientistas chegaram à conclusão de que pessoas com rostos simétricos são menos propensas a ajudar ou a esperar o auxílio.
A explicação está na evolução. Em um nível subconsciente, afirmam os acadêmicos, o homem enxerga atributos físicos simétricos como sinal de saúde, o que faz com que indivíduos dotados dessas características sejam considerados mais atraentes pela sociedade. Estudos anteriores sugerem que pessoas com rostos simétricos sofrem menos de doenças congênitas e encontram melhores parceiros para a reprodução. A consequência, garantem os cientistas, está no comportamento dos indivíduos, que se sentem mais autossuficientes e menos dependentes da ajuda alheia.
Os envolvidos na pesquisa, contudo, pedem cautela e afirmam que a conclusão do estudo não pode ser encarada de forma superficial. O que eles querem dizer com o alerta é que não se deve generalizar os resultados e associar o egoísmo a todas as pessoas consideradas atraentes.
- O que já se sabia sobre o assunto

Sérgio Fukusima, professor da USP (Foto: Arquivo pessoal)
A relação da simetria com a atratividade pessoal é um assunto estudado à exaustão pela comunidade científica, especialmente entre os acadêmicos que seguem uma linha de pesquisa psicobiológica ou evolucionista. Segundo Sérgio Fukusima, PhD da Universidade de São Paulo (USP), é plausível que os traços da face se correlacionem com consequências decorrentes dessa atratividade, como status social e características comportamentais que evidenciem o egoísmo.
Outros fatores, no entanto, devem ser levados em consideração, uma vez que a atração vai além da simetria facial. Outros elementos, como cor e qualidade da pele, fertilidade e harmonia do rosto também indicam o quanto saudável é um indivíduo e influenciam diretamente nos aspectos biológicos associados à atração.
“Há ainda os agentes culturais, como moda, que ditam padrões de beleza de tempos em tempos”, completa Fukusima. “Essas alterações podem ser notadas principalmente na TV, no cinema e nas revistas”, afirma o cientista, destacando que nem sempre uma pessoa considerada bonita é egoísta – afinal, o próprio conceito de belo é variável.
Segundo o professor universitário, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália são países onde mais estudos nessa área estão sendo desenvolvidos. Além da psicologia, a computação (reconhecimento facial) e a robótica (robôs) também têm pesquisado temas relacionados à simetria.
Especialista: Sérgio Fukusima, professor do Departamento de Psicologia e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto)
Envolvimento com o estudo: Possui uma vasta produção científica relacionada à investigação da percepção e reconhecimento de faces.
- Conclusão
Existem fatores comportamentais que comprovam a relação da simetria facial com o egoísmo, mas é preciso ter cautela nas conclusões, bem como ressalta o especialista brasileiro. Se beleza não fosse sinônimo de altruísmo, o que estaria fazendo Angelina Jolie nas ações humanitárias da ONU?

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